sexta-feira, 6 de maio de 2011

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.

2 comentários:

  1. Este poema seduziu-me por retratar um tema intemporal que é o amor. Nele o sujeito lírico escreve sobre a intensidade do amor e da paixão. Poderá ser um exemplo para alguém que tenha vontade de amar intensamente, no entanto, há que saber viver o amor para não cair na solidão «Quem sabe a solidão fim de quem ama».

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  2. Na minha opinião este poema fala, com o é dado a entender pelo título, do amor e da fidelidade que sente pela sua conjuge.
    O poeta começa por dizer que está disposto a resistir até à maior tentação focando o seu pensamento na sua amada, provando assim a sua fidelidade.("Que mesmo em face do maior encanto/Dele se encante mais meu pensamento.")Continua dizendo que qualquer emoção que ele expresse será pela sua amada, afirmando a sua ligação/seu amor por ela.(" E em seu louvor hei de espalhar meu canto/E rir meu riso e derramar meu pranto/Ao seu pesar ou seu contentamento")Na estrofe seguinte afirma que o destino de quem vive é morrer e de quem ama é a solidão, ou seja, como é sabido toda a gente actalmente viva vai um dia morrer (é o seu destino) e quem ama, possivelmente devido à morte, irá voltar à solidão que precedera o encontro dos dois amantes, pois quando um deles morrer um deles vai ter de passar pela dor da perda e pela solidão, após a perda da sua alma gémea.("Quem sabe a morte, angústia de quem vive/Quem sabe a solidão, fim de quem ama") Para finalizar o poeta deseja que no final de tudo possa dizer que o seu amor embora não possa ser eterno (pois como chama que é um dia apagar-se-à), mas possa dizer que enquanto viveu, foi eterno!("Eu possa me dizer do amor (que tive):/Que não seja imortal, posto que é chama/Mas que seja infinito enquanto dure.")
    Na minha opinião o poeta com este poema pretende transmitir que para que como o amor que ele sentiu, o que sentimos também seja infinito devemos ser capazes de superar em conjunto com quem amamos todos os problemas, tristezas e conflitos que a vida nos colocar como entrave ao verdadeiro amor. E acima de tudo devemos por amor e respeito pela pessoa que nos ama, dedicar-lhe uma fidelidade eterna que prove os nossos sentimentos por ela.
    Esta foi a minha interpretação do poema, espero que gostes!

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