sexta-feira, 6 de maio de 2011

E TUDO ERA POSSÍVEL

Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
Ruy Belo, Homem de Palavra[s]
Lisboa, Editorial Presença, 1999 (5ª ed.)

3 comentários:

  1. Este soneto identifica-se comigo e talvez com a maior parte dos jovens, porque transmite a diferença de sentimentos ao passar da infância para a vida adulta. Ele realça o sonho e a felicidade da criança em detrimento da inexistência destes aspectos quando se cresce. Ao longo do poema surge o constante paralelismo entre o antes que corresponde ao momento em que «tudo era possível era só querer» e o agora, idade adulta em que não basta querer é preciso poder, pois há limites.

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  2. Aqui está um poema que também analisei.
    Concordo com a tua opinião. O sujeito poético determina os contrastes mais notórios que vão acontecendo na sua vida, comparando a sua infância com a sua actual idade. Este refere "o poder duma criança" que remete à infância, idade onde tudo é puro, límpido, honesto e sincero. Pois agora, já não é como dantes...
    Passa pelo meu blog (:

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  3. Ya, gosto do poema, pois refere-se à juventude e aquilo que ela trás.
    A juventude é a idade dos sonhos, como o poema diz, onde tudo é possível.
    O autor diz "Era Tudo Possível", pois provavelmente já viveu a sua juventude, e por isso usa o verbo no pretérito imperfeito.
    O poeta diz que na juventude tudo é possível, pois além de tal se verificar, é muito normal os jovens quererem ser independentes e pensarem no seu futuro, querendo só coisas boas e pensando que ele vai ser como eles pensam.
    Às vezes é, mas infelizmente, nem todos têm essa sorte, que se ganha com muito trabalho e esforço da parte do jovem.
    Daí também o uso do verbo no passado, pois o autor na sua juventude pensava que tudo era possível, e com o tempo, constatou que tal não se verificava.

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